Entre
Cão e Gato
Saí à rua com
meus dois animais de estimação que havia adotado recentemente. Um no colo e o outro
na coleira. Enquanto eu caminhava, evitava os vizinhos, mudando de calçada
quando avistava um. Estava cansado dos mesmos assuntos.
Mesmo assim, certas
coisas, ou pessoas, são inevitáveis. Um chato de galocha me parou com o falso pretexto
de falar de meus animais.
— Bom dia! — cumprimentou
ele. — Nunca vi você com esses bichos.
— Pois é! — tentei
arrumar uma maneira de não prolongar o assunto, mas certas pessoas fazem
perguntas aleatórias sobre o tempo, o sol, a chuva, o dia… Comentam sobre o possível
resfriado que ainda nem sequer tiveram.
— Já têm nomes?
— Sim, têm — respondi,
mas, na verdade, eu ainda nem havia escolhido.
— Ah, é…? Qual o nome
do gato?
Após pensar por alguns
instantes e, em se tratando do cidadão que obteria minha resposta, fui
criativo:
— O gato se chama cachorro,
e o cachorro se chama gato.
Entre o espanto e a surpresa,
ele fez um gesto com as mãos espalmadas, como quem pede auxílio dos céus.
— Mas isso não pode! —
exclamou ele.
— Como não?! —
retruquei. — Os bichos são meus e dou o nome que eu quiser!
— Chamar gato de
cachorro, e cachorro de gato?! — indignou-se, certamente pensando em algum
argumento vazio. — Por Deus do céu, é doidera!
— Sim! — confirmei, com
um riso irônico. — Quem sabe começam a achar que o gato é cachorro, e o
cachorro é gato.
— Mas como vão achar
isso?
— Tenho esperança! —
insisti. — Penso na possibilidade de um dia o gato latir, e o cachorro miar. Já
pensou?! Ou quem sabe, mesmo que isso não ocorra, alguém venha a difundir isso,
e muitos acreditem.
— Que loucura, o gato
latir, e o cachorro miar…! O gato nunca vai ser cachorro, e o cachorro nunca
vai ser gato só porque você os nomeou assim.
Sorri satisfeito,
embrenhado de sarcasmo.
— Talvez não, mas como
você mesmo me disse outro dia que o Nazismo é de Esquerda só por ter a palavra
socialista no nome, minha esperança é a última que morre.
O semblante de meu vizinho
se fechou, mas não fiquei para ouvir o que tentou me dizer. Quando ele estava
no meio de uma frase irritada, eu já caminhava para longe, puxando o gato pela
coleira.
Preciso de uma coleira para meu gato,kkkkk
ResponderExcluirMuito boa a cronica,engraçada e ainda uma resposta politicamente correta para o vizinho,curto e divertido
Opa, mais uma vez obrigado por comentar. A crônica uma crítica levinha para os que querem mudar os fatos históricos.
ExcluirAbraço!!!!!!!!!!!
Parabéns pelo texto! E os burros serão sempre burros, ainda que os chamem presidente!
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