sábado, 5 de janeiro de 2019

Prova de Amor




Prova de Amor


A música ao vivo soava no ambiente. A uma mesa, um casal conversava um assunto qualquer do dia a dia. Discordavam em vários pontos, sobretudo quando o era sobre trabalho. Um defendia a postura do chefe, e o outro discordava veementemente a ponto de parecer uma briga, mas longe de ser isso.
Bebiam enquanto dialogavam, e a conversa fluía constantemente de tal maneira que nem sabiam como haviam chegado afinal a determinado tema. Certo momento, passaram a falar do dia em que se viram pela primeira vez.
— Eu vi você primeiro, antes mesmo de você saber que eu existia — disse ele.
— Ah é?! — exclamou ela, em tom de contrariedade.
— Sim. Entraram na sala de reunião para apresentar alguns funcionários novos, e você era uma. Lembro quando te apresentaram. Você falou algumas palavras que não me recordo, mas lembro do som doce de sua voz, isso posso garantir.
— Pois saiba que mesmo antes de você saber de minha existência, o seu nome já havia me chamado a atenção de cara. Eu ficava imaginando quem era o dono de um nome tão diferente. Jamais sonharia ser um homem como você.
— Ah, não?!
— Não, eu achava que era mais velho, e formal. E o que me vem: um cara com ar de roqueiro e bem mais jovem do que eu pensava.
— Gostou então?
Ela riu.
— Tá rindo do quê?
— Olha, pra ser sincera, se cruzasse com você na rua, não me chamaria à atenção.
— Nossa, isso foi forte, hein? — queixou-se ele.
— Tô sendo sincera.
— Cruel, você quis dizer, né?
— Pois então, provei que de alguma forma, eu soube de você primeiro.
Ele ficou quieto por um instante, enquanto bebia um pouco de cerveja.
— Isso quer dizer que havia uma energia já no ar quando você entrou, e essa energia fez com que eu me atraísse por você logo que a vi — disse ele.
— Mas demorou pra gente começar a ter algo, né?
— Sim — concordou o homem —, mas do jeito que foi, tão naturalmente, foi gostoso. As coisas acontecendo aos poucos, sem um ter de dizer ao outro o que estava sentindo. Os olhares, os toques, os favores…
— Os bombons… — acrescentou ela.
— Sim, os chocolates.
Houve um instante de silêncio entre eles. Ficaram se olhando.
— Que olhar é esse? — perguntou ele.
— Posso te fazer uma pergunta?
— Eita, lá vem! Pode.
Antes de perguntar, ela bebeu um gole de sua bebida.
— Você me ama?
— Claro que amo! Mas por que isso agora?
Ela sorriu.
— Nada, ué! — exclamou. — Me prova então.
— Como?
— Não sei. Inventa um jeito.
Ele ficou quieto, pensativo. Não sabia aonde ela queria chegar com tal questionamento.
— Eu sonhava com você.
— Ah, para, isso não prova que você me ama.
— Lá no trabalho, todos sabiam que eu estava solteiro, e vira e mexe, alguém queria me apresentar uma pretendente. Ora uma cunhada, ora uma prima, irmã…
— Ah é? Nossa! E isso prova que me ama por acaso?
— Não, mas sabe os sonhos de que falei? — ela concordou com a cabeça, e ele continuou: — Então, eu estava no corredor, me cercaram e começaram a falar todos ao mesmo tempo das pretendentes, e eu queria sair dali, estava sufocado. Não queria ninguém.
— E…? — questionou ela, com cara de quem diz “aonde você quer chegar com isso?”.
— Você veio e pediu que todos parassem! E todos ficaram quietos. Você segurou uma de minhas mãos e disse: “eu resolvo isso”. Me deu um selinho e, dizendo que o problema estava resolvido, me levou consigo.
— Tá, mas no que isso prova que você me ama?
— Não prova, mas prova que Deus me presenteou com você. E como não amar um presente divino?
— Mas eu tenho meus defeitos…
— E eu os meus.
Ela se levantou, sentou-se ao lado dele e o beijou. Em seguida, abraçou-o e disse-lhe ao ouvido:
— Eu também te amo. Muito!

                                                                                                                                 
                                                       



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